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O que é Mediunidade de Empréstimo?

A mediunidade, capacidade de servir de intermediário entre os planos físico e extra-físico, é um dom mais desenvolvido em algumas pessoas, embora todos tenham essa sensibilidade em algum grau. A percepção extra-sensorial é uma das muitas funções inexploradas pela maioria das pessoas, num universo que elegeu a atividade mental racional como soberana. A mediunidade é utilizada de modo intenso pelo movimento espírita como instrumento para tratamentos de distúrbios provocados pela presença de entidades desencarnadas, como fonte de informação e conhecimentos no contato com mestres de luz ou ainda como possibilidade de cura através de doações energéticas. Quando iniciamos nossos estudos mediúnicos na década de sessenta, aprendemos que havia dois tipos básicos de mediunidade: a natural, fruto da evolução do espírito, aquisição de cada um por seu progresso e lucidez, e a mediunidade de prova, uma condição psicossomática “emprestada” ao indivíduo pelas equipes encarregadas da reencarnação para acelerar a expansão da consciência e facilitar a resolução de carmas pela possibilidade do trabalho fraterno. Percebemos, através de vivência dentro do espiritismo, que muitas pessoas “adaptaram” esse conceito de mediunidade de prova à idéia de “provação” ou sofrimento e a resolução de carmas passou a significar “punição por erros passados”, numa transposição da idéia milenar de “crime e castigo”. Assim, ter uma mediunidade de prova torna-se sinônimo de sofrimento, um fardo a carregar porque somos pecadores e não podemos nos desviar de nossas dívidas. Vivenciando a mediunidade, estudando com atenção as obras de Kardec e André Luiz, logo entendemos que essa visão era distorcida. Na verdade, o dom mediúnico “emprestado” aos espíritos que precisam solucionar atrasos de progresso é uma preciosa ferramenta de auxílio. É a oportunidade de expandir a consciência, crescer, amadurecer. É a grande chance de recuperar o tempo perdido. É uma encarnação que equivale a um “supletivo”, que acelera o desenvolvimento espiritual. Por essa razão, preferimos dizer “mediunidade de empréstimo”, pois não acreditamos que Deus nos daria um dom tão precioso para ser um fardo ou provação. Há inúmeras formas de manifestação do dom mediúnico, dependendo das características individuais e da necessidade de progresso de cada médium. Uma das formas que mais se prestam a essa função de acelerar o progresso é sem dúvida a psicofonia. Através dessa forma de mediunidade, a pessoa é capaz de incorporar um espírito e deixá-lo falar através de si. O espírito comunicante aproxima-se do campo energético do médium e transmite suas idéias a ele através de ondas mentais e sensações físicas. O processo em si dará um outro artigo que publicaremos oportunamente. Agora nos basta deixar claro que a entidade não “invade” o corpo do médium, como se poderia supor pelo termo incorporação. Há apenas um envolvimento energético e uma transmissão das idéias, que o médium reproduz. Quando permitimos a comunicação dos espíritos perturbados, tomamos consciência de sua situação espiritual, suas dores, sofrimentos e desequilíbrios e, ao orientá-los e encaminhá-los para tratamento, aprendemos muito e tiramos lições importantes que nos ajudam a reformular nossas vidas, mudar hábitos antigos, acordar para a necessidade de auto-educação e transformação. Porém, é no contato com nossos mentores e orientadores que obtemos preciosos ensinamentos e sentimos a Bondade Divina presente em nossas vidas. Recentemente recebemos do espírito Tião um esclarecimento acerca da função do trabalho mediúnico no reequilíbrio de nossos espíritos. Segundo esse trabalhador espiritual, todos nós, em algum momento de nossas vidas, “roubamos” energia vital de outras pessoas através de chantagens emocionais, da tirania, da intolerância, da exploração dos mais fracos, dos sentimentos de ódio, dos julgamentos, do acúmulo de bens desnecessários ou ainda pela prática de magias. As pessoas que acumularam muita “energia alheia” em sua organização espiritual, têm na mediunidade uma forma de reequilíbrio energético. Socorrendo um espírito necessitado, “livramo-nos” de parte dessa carga. O sentimento de amor “queima” energias deletérias. Ao auxiliarmos, somos os verdadeiros auxiliados. O excesso de energia alheia em nós, se não for transmutada, poderá somatizar-se como doenças, pois o espírito, para se reequilibrar, drenará essa carga energética para o corpo físico. Essa orientação abriu os nossos olhos para a importância do trabalho mediúnico não só como caridade ao próximo, mas também, e principalmente, como recuperação de nosso equilíbrio. E, o mais importante, nos fez observar nosso comportamento hoje em relação às pessoas de nosso convívio, repensar nossas atitudes e mudar hábitos para não adquirirmos um fardo energético doentio complicando nossas encarnações futuras. Maria Lúcia Araújo